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terça-feira, 31 de maio de 2011

Óculos de grau

Óculos de grau
O mundo míope não faz questão enxergar
Fecha os olhos e a realidade tenta controlar
A embassada visão já não é mais um sentido,
É um mecanismo que perdeu o seu motivo

Um exame urgente precisa ser feito
Alguém sabe qual é o grau da lente?
A vista bem focada pode trazer novos conceitos
E as mentiras, os problemas serão vistos novamente.

sábado, 28 de maio de 2011

Bem coisado

O queto, o calmo, o claro
O rádio surdo
O poder de falar absurdo
O poder de ficar mudo

É o papel, o pincel - o borrado
É concreto, é clássico
É combinado
É pensamento desordenado


O barulho:  inquieto e escuro
O cálice, vinho preto, vinho branco
É o povo alienado
É o pano amassado

O concreto - coberto
Do lodo,
Do lado
Do cadarço amarrado
Em cima do poema rimado.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Chuva chorante


O céu é constantemente anil
Por vezes chega a ser cinzento
Traz chuva carregada de vento
Com poeira de todo o Brasil

O rio que passa é claro e calmo
Quando o céu chora traz barro
Que com o tempo se incorpora
No Terraço do mangue já afogado

Quando março acaba, se começa
O mais triste outono da terra
Traz enchente que derruba barreira
E se enxuga na pobreza

 O povo triste só chora
Assim como o céu se desmonta
Quebra um horizonte de desgraça
Que o excesso da chuva chama.