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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Senhor


Senhor soturno
Nessa sina, só
No sótão
Sujo
Subestima o sentimento
Sósia da solidão

Senhor sórdido
Seu sonho sombrio
O sucumbe
Sobra nem sinal
De pensamento
São

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ócio, insônia

A noite invade fria
Apesar do quente dia
O incerto e a expectativa
Batem minha porta
Pedem esmola e vão embora

Quero apenas dormir
Sonhar, sair de mim
Não aguento essa tortura
Que, enquanto acordada,
Parece não ter fim.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Meia luz, olhar inteiro

Os olhos brilham totalmente reluzentes
E a culpa é do amarelão do óleo da baleia
Que na luz da lamparina mostra a semente
Germinada no romance de cabeceira.

Ele conta a triste historia do homem valente
Que pelo encanto do olhar da bela sereia
Por ela, um impossível amor semeia
E na imaginação fica, morre... somente.

A carne é fraca, depois ela apodrece
O amor está longe e jamais acontece
Sentimento é como se fosse luz e apaga

A sensação é o frio e apenas entorpece
Queda que em vão, nenhum colchão amortece
É vento que se vai e sobra mais nada.

08/06/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fomão


Suado, o homem foge
Assustado, ele reza
A lei é dona da vida
O mendigo é o dono da fome
A tarde cai, o frio também
A luta começa
O homem se desespera
Enforcado com a espera
Ilude-se: nem o pão mofado
É alicerce como o entorpecente
O alimento, inexistente
Sangue, veia doente
Não agüenta a corrida
Escapar da tortura não adianta
Inflamado de esperança
O homem bom se engana
Ele é corroído com o ar seco
Ao Comer a lama do sapato ilustrado
Da polícia opressora que de lado
Faz da violência pressuposto para o ato
De revoltar o marginalizado
Confundindo o crime com o verme
Que o bucho do moço alimenta
Que da droga a anemia se sustenta
E pelo reflexo do café frio
A tristeza se apresenta.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Óculos de grau

Óculos de grau
O mundo míope não faz questão enxergar
Fecha os olhos e a realidade tenta controlar
A embassada visão já não é mais um sentido,
É um mecanismo que perdeu o seu motivo

Um exame urgente precisa ser feito
Alguém sabe qual é o grau da lente?
A vista bem focada pode trazer novos conceitos
E as mentiras, os problemas serão vistos novamente.

sábado, 28 de maio de 2011

Bem coisado

O queto, o calmo, o claro
O rádio surdo
O poder de falar absurdo
O poder de ficar mudo

É o papel, o pincel - o borrado
É concreto, é clássico
É combinado
É pensamento desordenado


O barulho:  inquieto e escuro
O cálice, vinho preto, vinho branco
É o povo alienado
É o pano amassado

O concreto - coberto
Do lodo,
Do lado
Do cadarço amarrado
Em cima do poema rimado.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Chuva chorante


O céu é constantemente anil
Por vezes chega a ser cinzento
Traz chuva carregada de vento
Com poeira de todo o Brasil

O rio que passa é claro e calmo
Quando o céu chora traz barro
Que com o tempo se incorpora
No Terraço do mangue já afogado

Quando março acaba, se começa
O mais triste outono da terra
Traz enchente que derruba barreira
E se enxuga na pobreza

 O povo triste só chora
Assim como o céu se desmonta
Quebra um horizonte de desgraça
Que o excesso da chuva chama.